Protected in Paradise

Capítulo 14 - Stop ruining your fucking life!

Justin P.O.V

Minhas mãos estavam tremulas, eu lia aquelas palavras daquele maldito papel e ainda assim não conseguia acreditar no que via. Eu sabia que uma hora ou outra acabaria descobrindo algo realmente 'grande' sobre o Mackenzie mas dai aquilo... era mais do que eu poderia suportar naquele momento. Chaz pegou novamente os papeis da minha mão sorrindo sem acreditar. Seus olhos brilhavam como nunca e assim como Ryan estava dando saltos de alegria. A cada dia chegamos mais e mais perto de desmascarar o prefeito de Jacksonville. O pai da garota que eu amo. Se é que isso é uma coisa boa, não, isso não é nem de longe uma coisa boa. E eu bem que queria ficar feliz mas simplesmente não conseguia. Por que estava cada vez mais perto da verdade o que significa que as coisas logo vão mudar e eu vou ter que me afastar dela. Droga, odeio a mim mesmo só de pensar nisso. Eu não sei mais se posso viver sem a sua constante mudança de humor, sem as suas travessuras, sem o seu cheiro, sem os seus olhos ocultos e oblíquos me encarando com desejo, de suas notas variadas de A até F, de suas risadas no meio da rua ou de como ela consegue fazer graça até mesmo nas horas mais difíceis. Eu me apaixonei por cada detalhe dela, por inteiro. É difícil conviver com isso.

- Porra Justin, você é demais... eu não acredito que ele foi tão idiota de deixar essas pastas no escritório dele, isso é tão... arriscado. - falou Chaz ainda boquiaberto.

- Ele é louco, um maníaco! Um saláfrario do caralho! Desviar mais de 200 milhões de dólares do dinheiro público? Merece apodrecer na cadeia mesmo. - exclamou Ryan - Agora só precisamos saber mais informações sobre o tráfico de pessoas, de armas e drogas.

- Você acha que ele está metido nisso? - perguntei duvidoso.

- Se eu acho? - Ryan riu- Eu tenho certeza e você também tem, aliás você sempre disse isso pra gente mas nós nunca acreditamos, até receber aquela denuncia.

- Mas é que agora... agora não faz sentido.

- O que? - Chaz estava confuso - Por que?

- Por que cara, já são dois meses convivendo com ele... sei lá, só não consigo acreditar.

- Eles fingem muito bem Justin, para com isso cara! - afirmou Ryan.

- Eu não acho que ele finge até mesmo em sua própria casa. - falei decidido - Ele parece tão verdadeiro, beleza, ás vezes fala umas coisas sobre a Candi que me deixa puto de raiva mas...mas ele não parece ser esse ogro que pensamos, e olha... esses papéis que encontrei realmente me surpreenderam.

- Caralho Justin, o que aconteceu com você? - Ryan me sacudiu- Você odeia Thomas Mackenzie, se lembra disso? O-D-E-I-A. - soletrou.

- Eu já sei. - empurrei ele - Não precisa me lembrar disso.

- M-mas...

- Justin você tá querendo desistir de tudo? - perguntou Chaz preocupado.

- Eu não quero desistir de nada. - falei com sinceridade- Só estou dizendo que eu não acho que as coisas sejam assim. Quer dizer, ele não é a melhor pessoa do mundo mas acho que esse lance de drogas e tráfico de pessoas não faz o tipo dele.

- Não faz o tipo dele? - Ryan riu debochado- QUALÉ BIEBER ! Esse cara é um bandido, um corrupto, não deveria nunca ter sido eleito, todos nós sabemos disso e está cada vez mais óbvio.

- Eu sei Ryan mas... vocês não entendem, quando você convive com uma pessoa tanto tempo assim, na verdade nem tanto tempo mas... quando você lê uma coisa assim você fica chocado por que... por que não parece ter vindo dessa pessoa.

- Eu acho que isso é culpa da Candice! - disse Chaz- Não que ela seja culpada de você ter se apaixonado por ela, bom, talvez sim mas... mas essa coisa está confundindo a sua cabeça.

- A Candi não tem nada a ver com isso. - falei irritado- Nem coloquem ela no meio.

- Mas é serio Bieber, desde que se apaixonou por ela você fica assim com um pé atrás em todas as besteiras que esse Thomas faz, fala serio.  - continuou Chaz.

- Eu não quero falar sobre isso. - abaixei o olhar- Já basta ter que conviver com ela todos os dias e não poder beija-la, sei lá, fazer essas coisas.

- Você pode fazer isso se quiser. - disse Ryan.

- Não, eu não posso. - falei convicto- Eu não quero que ela saia machucada disso tudo, ela já vai sofrer o suficiente.

- As coisas não podem continuar desse jeito, se nem mesmo você acredita que ele seja culpado como vai continuar investigando ele? - Chaz coçou a cabeça preocupado.

- Relaxa! - sussurrei tranquilizando-o - Isso não afeta em nada. Bom, se for verdade mesmo eu apenas vou ficar surpreso, nada demais.

- Tem certeza? - perguntou Ryan com um pé atrás.

- Eu tenho. - afirmei- Só não penso nele dessa forma por que cara ele tem uma filha de 17 anos, como ele pode ter coragem de traficar adolescentes para serem escravas sexuais em boates de prostituição?

- Existem muitas pessoas más no mundo Bieber. - murmurou Chaz.

- Você tem razão. - concordei - Mas ela não merecia isso.

- E o que você vai fazer agora? - Chaz se sentou ao meu lado.

- Vou continuar investigando e ver no que dá.

- Eu sei que isso é difícil pra você mas precisamos muito disso, muito mesmo.

- É, tô ligado e eu já disse que vou fazer o meu trabalho.

- Obrigada amigão! - ele deu um tapinha no meu ombro- Apesar de ser um tolo apaixonado ainda gosto um pouquinho de você. - ri pelo nariz e então meu celular começou a vibrar no bolso esquerdo - O dever te chama?

- Ela me chama. - falei rindo e indo em direção a cozinha pra atender a Candice que estava me ligando - Alô ?

- Oi Biebs, você tá ocupado? - sua voz era tremula.

- N-não! O que aconteceu? Você tá chorando?

- Eu fiz tudo errado de novo, eu tô com medo.

- Candice o que você fez? Aonde você tá? Me fala, me diz, aonde você tá? - falei atropelando as palavras.

- Eu não sei aonde eu estou. - ela desabou em lágrimas- Vem me buscar, por favor vem me buscar.

- Candice o que você fez? Princesa, fala comigo, tenta ver aonde você tá, por favor, CANDICE! - estava nervoso.

- E-eu só queria ser a sua garota. - murmurou com a voz fina e chorosa.

- Olha, se acalma tá? - falei mais nervoso que tudo- Liga o GPS que eu instalei no seu celular e fica calma por que eu vou te buscar, fica exatamente aonde você está. - desliguei o celular.

- O que aconteceu? - perguntou Ryan quando eu passei pela sala a caminho do meu quarto.

- Candice se meteu em encrenca! - entrei no quarto e ele e o Chaz vieram atrás - Tenho que ir buscar ela, porra ela não perde uma quando se trata de se meter em confusão.

- De novo? - Ryan arregalou os olhos- Que menina peralta!

- Aonde ela está? - perguntou Chaz enquanto eu vestia uma jaqueta de couro.

- Não sei, vou seguir pelo GPS. Ela estava chorando, com a voz tremula...

- Me manda notícias. - pediu Chaz- Sei que ela é muito importante pra você.

Apenas assenti com a cabeça e peguei as chaves do carro. Eu não estava com a mínima paciência para esperar o elevador e já tinha um monte de pessoas esperando por ele. Corri para as escadas descendo as mesmas com uma rapidez que eu nunca pensei ter. Entrei no carro e sai logo do apartamento em uma velocidade assustadora. Jamais imaginei ficar tão nervoso por causa dela, por ela estar em encrenca ou talvez tão comovido com seu choro no telefone. Eu estava seguindo seu GPS que indicava que ela estava do outro lado da cidade, aliás bem afastada da cidade.

O lugar era sinistro, só tinha mato ao redor e a estrada era de chão. Eu olhava para todos os lados tentando localiza-la mas não a encontrava. Ela também não atendia o celular. Continuei dirigindo por aquela rua cheia de buracos, o GPS indicava que ela estava em algum lugar por ali. Parei o carro e desci começando a caminhar para dentro daquela mata. Eu não conseguia ver nada além de mato, muito mato. Assim que sai de lá comecei a ouvir um choro abafado logo mais a frente. Eu reconheceria aquele choro a milhas de distância. Sai correndo seguindo o barulho que incomodava os meus ouvidos e me deixava mal. Logo avistei Candice sentada no chão com os braços em volta de seu joelho, suas mãos estavam tremulas e ela chorava sem parar. Foi horrível ver aquela cena, horrível. Rapidamente corri até ela que se exaltou ao ver que eu tinha finalmente chegado.

- Candice! Candice! O que aconteceu? - perguntei me agachando ao seu lado.

- Eu odeio ele, eu odeio ele. - murmurou enxugando as lágrimas.

- Como você veio parar aqui? - peguei ela no colo, a barra de sua calça estava rasgada- Quem fez isso com você Candi?

- Ele tentou me estrupar. - falou nervosa- Eu quero matar ele.

- Q-quem? - gaguejei ao notar que sua blusa também estava rasgada- QUEM?

- Não quero falar sobre isso, só me leva pra sua casa.

- Faz tempo que você saiu? Por que você fez isso? - coloquei ela dentro do carro no banco de passageiros-  Eu falei pra você ficar em casa.

- Eu sei, mas... - as lágrimas voltavam a surgir no canto de seus olhos- Droga! Você sempre está certo e eu sempre acabo fazendo tudo errado...

- Já está ficando escuro Candice! - falei dando ré pra sair daquele lugar estranho- Eu não faço ideia do que aconteceu mas eu só sei que vou matar o filho da puta que te deixou aqui.

- Ele... - a interrompi.

- Não precisa me dizer nada agora, se acalma, tá tudo bem.

Eu não deveria levar ela pra minha casa, eu sei que não. Mas foi exatamente o que eu fiz. Não seria legal ela chegar em casa daquele jeito, quer dizer, o seu pai ficaria maluco e ia querer meter mala em quem quer que fosse o otário que tinha deixado ela ali. Porra essa garota é doida, ela se mete em cada uma, como ela foi parar naquele lugar? E por mais que ela seja maluca eu não consigo deixar de odiar o estado em que ela se encontra. Totalmente perdida e chateada, e triste e sem aquele sorriso travesso nos lábios. Tentava pensar em alguma coisa que fizesse sorrir mas as palavras, os sentimentos, tudo desaparecia junto com o vento que inalava nossos corpos enquanto eu dirigia em alta velocidade.

Peguei ela no colo e entramos no elevador. Ambos ainda em silêncio entramos no meu apartamento aonde pra minha surpresa ainda estavam Chaz e Ryan. Merda. Esqueci de avisar que estava trazendo ela pra casa. Eles se assustaram quando me viram chegando com ela, especialmente pelo estado em que ela se encontrava. Candice arregalou os olhos quando viu os dois garotos a sua frente e eu a coloquei sentada no sofá ajeitando suas costas com duas almofadas.

- Vou pegar água pra você. - falei me direcionando até a cozinha.

- O que aconteceu? - perguntou Chaz me seguindo.

- Não sei. - respondi abrindo a geladeira- Encontrei ela desse jeito em um lugar cheio de mato.

- Ela não falou nada?

- Disse que ele tentou estrupar ela.  - falei enchendo um copo de água.

- Quem? - sua voz se alterou.

- Eu não sei Chaz, ela não me contou.

Voltei para a sala e o idiota do Ryan estava olhando pros seios dela que ficavam parcialmente amostra por causa de sua blusa rasgada. Eu queria dar um tapa na cara dele mas tudo que fiz foi me agachar tapando sua visão e dando água pra Candice. Ela bebeu tudo agora mais calma, sua respiração já estava controlada e ela conseguiu dar um meio sorriso o que me deixou feliz, porém muito confuso.

- Que foi? - perguntei arqueando uma sobrancelha.

- Nada. - ela riu novamente- É que você é o melhor segurança do mundo.

- Obrigada. - agradeci - E você é a pior pessoa que eu já tive que vigiar.

- Uau, eu sou uma rebelde nata.

- Você me assustou pra caramba Candice. - murmurei me sentando ao seu lado- Não pode mais fazer isso comigo.

- Quem são eles? - perguntou encarando os dois marmanjos que observavam a cena sem desviar os olhos dela- Seus amigos?

- É. - confirmei- Eles são meus melhores amigos. Chaz e Ryan. Também são canadenses.

- Então essa coisa toda de ser bonito vem do canadá? - comentou rindo. Porra ainda tenho que me acostumar com a mudança de humor dela.- Prazer, eu sou a garota irritante que ele tem que vigiar por obrigação.

- O prazer é todo meu gata. - falou Ryan apertando e beijando sua mão.

- Para de ser folgado Ryan! - disse Chaz rindo da situação.- Nós já estamos de saída.

- Estamos? - reclamou Ryan.

- Claro que sim, lembra daquele trabalho da faculdade?

- Que trabalho ?

- Aquele que vamos fazer agora lá em casa, agora vem logo. - Chaz puxou ele do sofá.

- Tá tá ! - bufou- Até mais Candice, foi muito legal te conhecer, você é linda.

- Valeu Ryan! - agradeceu Candi rindo- Você também é um pedaço de mal caminho.

Revirei os olhos mostrando irritação. Chaz percebeu isso e então empurrou Ryan para fora do apartamento batendo a porta logo em seguida.

- ME ADICIONA NO FACEBOOK! - ouvimos ele gritar do corredor.

- Nem liga pra ele. - disse me levantando para desligar o vídeo game que ele esqueceu ligado- É um babaca.

- Eles são legais.

- É melhor avisar seus pais que você está aqui. - sugeri voltando a me sentar do seu lado.

- Ah, já mandei SMS pra minha mãe. - seu semblante estava triste de novo- Eu sinto muito por você ter que sair de casa quando só queria se divertir com seus amigos.

- Candice para com isso! - murmurei - É o meu trabalho, se lembra disso?

- Claro, é o seu trabalho. - concordou abaixando a cabeça.

- E além do mais - segurei se queixo nivelando nossos olhares- eu iria até o fim do mundo pra te buscar mocinha.

- Obrigada por ser assim. - ela sorriu deixando uma lágrima quente escorrer pelo canto de seus olhos- Por cuidar tão bem de mim.

- Não precisa agradecer. - garanti- Agora me conta o que aconteceu, como foi parar lá?

- O Math. - disse rapidamente - Ele me chamou pra sair.

- EU SABIA! - gritei irritado- Eu vou matar ele Candice!

- Justin se acalma, a culpa foi toda minha. Eu te chamei pra gente ir naquela boate, você disse que não ia, eu fiquei com raiva e resolvi sair com ele, a culpa foi minha.

- Porra Candice! - bati as mãos na mesinha com violência- Até quando você vai fazer isso? Me diz, até quando vai fazer as coisas sem pensar nas consequências? Você não é mais uma criança, ele poderia ter feito coisas horríveis com você.

- Eu tô bem. - suspirou- é isso que importa.

- Você não parecia nada bem quando eu te encontrei, olha só, se eu ver você com aquele cara de novo eu juro que vou te trancar no seu quarto e você nunca mais vai sair de casa, e se eu ver ele de novo eu não sei se posso me controlar.

- Eu dei corda Justin, a culpa é minha, eu só falei aquelas coisas por que estava com raiva dele, mas a verdade é que eu sou vulgar, sou uma estúpida, eu aticei, eu fui lá, olha só como eu estou vestida, me diz, a culpa é minha não é?

- Você não tem culpa de nada. Desde quando ser bonita é culpa de alguma coisa? Ele se aproveitou da sua inocência  Isso não tá certo Candice!

- Eu não sou inocente como você diz! - exclamou- Acorda Justin, olha pra mim, eu sou uma mulher, por que é tão difícil pra você me ver assim? Eu estou tentando parecer boa o suficiente pra você desde que te conheci. Mas eu nunca sou o que você procura. Quantas vezes vai fugir de mim? Quantas vezes vai fingir que eu não existo?

- Você sempre leva as coisas pro pessoal. - falei desviando o olhar.

- Mas é a verdade. - ela se aconchegou no meu colo - Cuida de mim? Eu não me importo de não ser a sua garota. Mas cuida de mim... só você sabe fazer isso.

- Candice... - sussurrei afagando seus cabelos- Não faz mais isso comigo.

- Eu acho que nunca amei ninguém como eu amo você. - ela disse perdida em pensamentos que eu tentava desvendar.

Eu só queria dizer a ela o quanto ela era especial, eu só queria dizer a ela o quanto ela era incrível e que eu nunca desejei ninguém como a desejo. Queria poder explicar os inúmeros motivos de nós nunca termos ficado juntos, queria poder dizer que ela não tem problema nenhum, que ela é perfeita do jeito que é e que não tem nada de errado com ela. É, eu só queria beijar aqueles lábios e dizer que eu também a amo e amo muito. Alguns minutos depois toda aquela adrenalina e desespero foi embora e ela adormeceu no meu colo. Nem a beleza do anjo mais lindo de todo o céu poderia ser comparado a ver a Candice dormindo.

- Eita maluquinha! - murmurei sorrindo- Você está tão sexy hoje.