Capítulo 20 - Cousin
Candi P.O. V
A aula tinha sido um saco, pelo menos a parte dos estudos, especialmente por que eu não precisava de nota pra passar, eu estava quite em todas as matérias. As duas últimas aulas foram legais por que deixaram exclusivamente para falarmos sobre a formatura que estava se aproximando cada vez mais. No começo do semestre eu pensava que o meu acompanhante seria o Math, mas agora eu não conseguia parar de sorrir por saber que eu tinha um namorado gostoso e perfeito que iria comigo. Eu tinha tentado falar com ele a manhã inteira, mas ele se quer atendeu o celular, aquilo me irritou um pouco ainda mais por que ele disse que vinha me buscar na escola e não tinha aparecido até agora. Ia procurar um lugar pra me sentar enquanto esperava ele chegar quando avistei a Stacy caminhando em direção a um carro, era Volvo C60 preto reluzente, ele era perfeito. Já tinha algum tempo que nós mal nos falávamos desde que brigamos para ser mais exata. E aquilo era um saco por que além de prima, ela também era minha melhor amiga. Eu era orgulhosa, mas ela era ainda mais e eu já estava cansada disso, cansada de ficar longe dela, com saudades das nossas brincadeiras, risadas, de tudo. Ela estava quase saindo quando eu me aproximei da janela de seu novo carro e bati chamando sua atenção, ela abriu a janela e se esquivou para me ver realmente surpresa.
- Candice? – falou confusa.
- Oi prima! – sussurrei ansiosa – Será que podemos conversar?
- Eu estou indo pra casa! – ela murmurou pousando o braço na porta – Quer uma carona?
- É que eu estou esperando uma pessoa. – abaixei o olhar.
- Hum, entendi! – ela desligou o carro e revirou os olhos abrindo a porta, me afastei para que ela saísse do carro e ela já foi andando até um banquinho do outro lado do estacionamento.
- Desculpa por aquele dia! – comecei, me sentando ao seu lado – Eu agi como uma idiota, eu sei.
- Isso é verdade! – ela deu risada, nossa, como eu senti falta disso – Mas me diz ai, o que fez você mudar de ideia sobre falar comigo?
- Eu sabia que nunca nos falaríamos se eu não falasse com você! – coloquei meu fichário entre as minhas pernas.
- Garota esperta! – ela riu pegando minha mão – Uau Candi, esse desenho ficou perfeito.
- Eu fiz em um salão no centro da cidade, a Alice que me indicou, acho que você vai gostar de lá.
- Eu exijo que você me passe o endereço desse salão! – ela quase gritou apertando meus dedos e em poucos segundos ela era a mesma Stacy tapada de sempre, como se nada tivesse acontecido.
- Eu vou me arrumar lá pro baile de formatura! – disse puxando minha mão e admirando o desenho nas minhas unhas, tinha ficado realmente lindo.
-Oh Céus, o baile! – ela disse eufórica – Eu ainda não sei com quem eu vou.
- E o Noah? – questionei franzindo o cenho.
- O Noah. – ela suspirou- Eu percebi que ele não é o cara certo pra mim, quer dizer, aquelas coisas que você me disse aquele dia, elas realmente fazem sentido.
- Stacy eu sinto muito! – falei um pouco alterada- Quer dizer, eu sei que você gostava muito dele.
- Eu nunca gostei de ninguém. – ela sorriu amarga.
- Tem certeza? – sorri de canto – Você pode até fingir, mas dizem que os que menos demonstram são os que mais sentem.
- Ótima hipótese! – ela fitou o chão e o meu celular começou a tocar bem alto ao som de “What Makes You Beautiful”, sorri ao ver que era o Justin e atendi.
- Amor?
- Oi princesa! – sua voz estava estranha. – Tudo bem?
- Aham, você tá vindo? Eu já estou esperando...
- Não vai dar pra ir te buscar, eu tenho um trabalho da faculdade pra entregar e tenho que terminar logo.
- Mais Justin! – protestei – Você prometeu!
- Eu sei amor, desculpa! – disse com a voz manhosa.
- Tá bom, faz o que você quiser! – forcei um sorriso nenhum pouco animador.
- Candice! – murmurou com aquela voz rouca e sedutora – Eu te amo você confia em mim?
- Por que está me perguntando isso? – franzi o cenho preocupada.
- Eu vou te ver mais tarde, eu prometo! – ele ignorou as minhas palavras – Se cuida amor, te amo.
- Justin o que aconteceu? Justin! – ele havia desligado- Droga! – resmunguei batendo o celular no banco com força.
- Que foi? – perguntou a voz curiosa de Stacy me fazendo lembrar que ela estava ali.
- Justin! – murmurei em resposta – Ele não vem mais.
- Aconteceu alguma coisa? – me levantei em direção ao carro dela e ela me seguiu destravando as portas.
- Acho que não. – falei tentando convencer a mim mesma disso.
- Você tá muito estranha! – ela franziu a testa entrando no carro logo depois de mim.
- Stacy nós estamos namorando! – falei baixo, ela freou o carro brutalmente quase me matando de susto.
- O QUE? – ela gritou finalmente notando o anel na minha mão – AI MEU DEUS CANDICE!
- Para de gritar sua maluca! – pedi fechando as janelas do carro – As pessoas vão achar que você tá doida.
- Eu te odeio, por que não me contou antes? – ela puxou minha mão admirando o anel brilhante – Porra Candi isso deve ter custado uma fortuna!
- Quem liga? – olhei para o anel na minha mão – O que importa mesmo é que estamos juntos.
- Então ele não é mais o seu segurança? – ela voltou a dirigir.
- Infelizmente não! – falei com uma voz medonha.
- Por que essa cara?
- É que quando ele era o meu segurança ele tinha mais tempo pra mim!
- Que drama hein priminha! – ela riu sapeca – Então você conquistou o gostosão hein garanhona!
- Cala a boca Stacy! – dei uma risada – Nós fizemos sexo.
- AI MEU CORAÇÃO! – ela freou o carro novamente ali no meio da avenida em um trânsito dos infernos – VOCÊ NÃO É MAIS VIRGEM CARALHO!
- PORRA STACY! – gritei no mesmo tom – Fala mais baixo, tá maluca?
- Desculpa, mas é que esse é um momento muito importante pra humanidade! – ela trocou de marcha e continuou a dirigir quando os carros começaram a buzinar atrás de nós – Eu esperei tanto pelo momento em que você ia me dizer isso.
- Ridícula! – falei rindo.
- Agora me conta ai, é a melhor sensação do mundo não é? – ela me olhou por um breve segundo- O pênis dele é grande? Tipo ele é rápido? Quantas vezes vocês fizeram?
- Ah meu Deus, Stacy! Você é nojenta! – fiz uma cara de nojo – Tem coisa melhor pra perguntar não acha?
- Melhor do que saber qual o tamanho do pênis dele?
- Para de falar isso.
- O quê? – ela me olhou novamente- Pênis?
- É Stacy, para! – quase gritei.
- Tá, não vou mais falar... Pênis!
- Eu odeio você! – disse rindo e dando um leve tapa no ombro dela.
***
O resto da tarde passou voando, eu terminei algumas tarefas que eu nem precisava fazer, mas fazia questão já que não tinha nada de mais interessante pra fazer. Não tinha ninguém em casa como sempre e o Justin não atendia o celular. Tinha combinado com a Stacy de sairmos à noite depois que ela passou horas tentando me convencer disso, eu só concordei com a condição de que o Justin também fosse e ela retrucou dizendo que já sabia que isso ia acontecer. Retardada. O baile era dali á quatro dias e ela não fazia ideia de que roupa usaria e muito menos de com quem ela ia. Essa é a Stacy. Depois de terminar as tarefas tomei um banho e quando sai do banheiro olhei no relógio e percebi que já se passavam das seis e meia da tarde. Mordi os lábios tentando imaginar onde o Justin estava, pois não tinha nenhum sms dele e ele não atendia a porra do celular. Vesti roupa e desci as escadas em passos lentos e preguiçosos até a cozinha. Zoe estava terminando de lavar a louça e me encarou em tom de reprovação ao notar que eu estava vestida apenas com uma blusa de moletom gigantesca que batia na metade das minhas coxas.
- Faz um sanduíche bem gostoso pra mim? – pedi com carinha de anjo me sentando no balcão.
- De presunto? – ela enxaguou o último prato e colocou no escorredor.
- Presunto com queijo! – completei passando a língua ao redor dos lábios.
- Tá bom! – ela abriu a geladeira procurando pelo presunto e o queijo.
- Cadê todo mundo? – perguntei desanimada.
- Eles não falaram pra onde iam. – ela colocou as coisas em cima da mesa.
- Ah que saco, ninguém nunca está em casa, isso aqui é um tédio!
- Não fala assim Srta. Candi, eles estão trabalhando!
- Aham, minha mãe deve estar trabalhando no shopping agora! – disse irônica.
- É o jeito dela! – defendeu Zoe após montar o sanduíche e a campainha tocou – Coloca isso pra esquentar que eu vou atender.
Assenti me levantando do balcão e ela saiu da cozinha. Alguns segundos depois ouvi a voz rouca e perfeita do Justin vindo da sala. Larguei o sanduíche e sai correndo com cara de retardada. Ele estava conversando sorridente com a Zoe e se assustou assim que eu pulei em seu pescoço assim como Zoe que arregalou os olhos.
- JUSTIN! – gritei e ele me segurou, envolvi minhas pernas em volta de sua cintura enchendo ele de beijos.
- Oi amor! – ele riu quando separei nossos lábios – Você estava mesmo com saudades!
- E você não? – reclamei colocando os pés no chão.
- Mas é claro que sim bobinha! – ele abraçou minha cintura me puxando para mais perto de novo – Muita muita muita saudade!
- Duvido! – falei dramática – Não foi me buscar na escola, não atendeu o celular... Estava com aquela vadia não é?
- A Emma? – ele arqueou a sobrancelha.
- Tá vendo, até lembra o nome dela. – dei língua.
- Sua bobona! – ele riu – Já disse, ela é só uma amiga!
- Hum, tá cheio de amizades coloridas por ai! – dei de ombros.
- Pois a minha amizade com a Emma é bem transparente.
- Por quê? – olhei em seus olhos, a essa altura Zoe já tinha se retirado.
- Por que é você quem colore o meu mundo! – ele sussurrou me tirando um sorriso maroto.
- Besta! – dei um tapinha no ombro dele.
- Eu tô com fome! – ele disse pegando minha mão – E esse cheiro hein?
- É o meu lanche! – falei puxando ele para a cozinha – Quer dividir?
- Na verdade eu quero que a Zoe faça mais uns vinte desses pra mim!
- Tá vendo Zoe! – dei risada quando entramos na cozinha – Agora você arrumou!
- Seus namorados dão muito trabalho Candi! – ela riu começando a fazer outro sanduíche.
- Ah, quer dizer que você tem mais um? – questionou me encostando no balcão.
- Um? – ri sarcástica – Eu tenho outros quinze no mínimo.
- Ah é? – ele segurou meus pulsos com uma risada safada e encostou sua língua quente no meu pescoço chupando aquele local com violência, me arrepiei soltando um gemido baixo – E eles fazem isso em você? – dei risada e ele continuou a brincadeira mordendo o lóbulo da minha orelha sussurrando perdições – Fazem Candi?
- Que isso, putaria na minha cozinha não! – Zoe exclamou fazendo nós dois rirmos.
- Sai daqui seu tarado! – disse empurrando ele pra longe – Ouvi dizer que a Zoe tem uma arma escondida em um desses armários.
- Nossa que medo! – ele fingiu uma careta – Zoe não me mate, por favor, sou eu que faço feliz a sua menina!
- Vocês dois se merecem mesmo! – ela riu tirando os sanduíches e colocando em cima do balcão.
- E hoje eu quero tomar coca! – disse caminhando até a geladeira e pegando uma garrafa de dois litros.
- Isso, pra ficar obesa! – murmurou Justin irritantemente pegando dois copos no armário.
- Que você tá falando magrelo! – encostei a coca gelada em seu braço e ele me puxou pela cintura pegando a coca das minhas mãos e parando-a nas minhas costas – AI! – resmunguei – TIRA ISSO DE MIM!
- Não, fica brincando com fogo! – ele riu zombeteiro e me soltou abrindo a coca e enchendo os dois copos.
- Idiota! – gritei empurrando ele da cadeira.
- O que eu disse sobre brincar com fogo? – perguntou de boca cheia.
- Eu não tenho medo de você Mané! – falei rindo e tomando um gole de coca.
- Pois deveria! – aconselhou dando outra mordida no sanduíche.
Nós lanchamos e brincamos, e rimos e nos batemos e xingamos. Foi muito divertido e engraçado. Depois Justin disse que precisava de umas coisas lá pra faculdade, perguntou se poderíamos ver se tinha no escritório do meu pai, é que o tema desse período da faculdade é Política então o meu pai tem bastante coisas que ele precisa na faculdade. Eu fiquei sentada na poltrona de couro do meu pai lixando a unha enquanto ele procurava por alguns papéis que eu não sabia pra que servia, mas em fim.
- Amor você ainda não me contou por que estava tão estranho quando falou comigo no telefone! – falei direcionando meu olhar até ele que revirava algumas gavetas.
- Ah, não aconteceu nada, só estava estressado com os trabalhos da faculdade.
- Mas você estava tão diferente! – franzi o cenho- Como se alguma coisa te incomodasse!
- Candi você está imaginando coisas, está tudo bem. – ele fechou a gaveta e abriu outra – Eu não consigo achar essa merda...
- Vai ver o meu pai não guardou ai, é que ele tem um lugar aonde guarda as outras coisas.
- Aonde? – perguntou me encarando ao fechar a gaveta que ele tinha acabado de abrir.
- Aqui... – me levantei até a prateleira de livros e porta- retratos e peguei um controle que estava de baixo de um dos livros. – Só não sei qual desses botões que abre...
- Candi! – ele exclamou pegando o controle e apertando um dos botões que fez com que a prateleira fosse para o outro lado dando passagem a uma sala secreta – Caramba!
- Nossa você acertou de primeira! – falei impressionada – Aqui é legal não é?
- Por que não falou disso antes? – perguntou maravilhado ao entrar na sala repleta de computadores e pastas, e mais um monte de coisas.
- Sei lá, por que eu falaria?
Ele começou a mexer nos papeis que estavam na mesa do centro da sala com um sorriso maroto nos lábios. Provavelmente ali ele encontraria tudo que precisava para esses trabalhos irritantes da faculdade e nós finalmente poderíamos ter um tempo juntos e até mesmo sair já que eu tinha combinado com a Stacy. Terminei de lixar a unha e guardei a lixa no bolso esquerdo dele. Ele lia os papeis um por um e ia selecionando alguns impressionado com cada um deles.
- Candi vai imprimindo pra mim! – ele pediu lendo os papeis como se estivesse prestes a devorar cada um deles.
- Tá! – assenti pegando os papeis e voltando pro escritório para imprimir.
Nem prestei atenção no que eles diziam, essas coisas são tão chatas. Imprimi um por um com aquela cara de tédio do tamanho do mundo, eram muitos papeis, não sei pra que Justin ia precisar daquilo. Ele saiu da sala secreta com um sorriso gigantesco no rosto, aquilo me deixou feliz, saber que eu tinha ajudado ele com os trabalhos, ele tinha mais uma pilha de papeis nas mãos, pegou os que eu já tinha imprimido e levou de volta para o lugar onde estava. Continuei imprimindo os papeis e colocando em fileiras em cima da mesa, demorou cerca de dez minutos para imprimir todos eles. Justin os guardou de volta sem tirar aquele sorriso gigantesco dos lábios. Então ouvimos o barulho do carro do meu pai e ele tratou de pegar os papeis para sairmos dali. Claro que ele fechou a porta e colocou o controle no mesmo lugar que estava antes. Saímos do escritório e Justin colocou o braço no meu ombro, papai logo apareceu na sala com Collin.
- Boa noite! – ele nos disse com um sorriso visivelmente forçado.
Collin passou rapidamente por nós com um olhar furioso e subiu as escadas correndo sem se quer nos cumprimentar. Mas que diabos está acontecendo com o povo dessa casa? Parece que todo mundo resolveu chorar e ficar emburrado agora.
- O que deu nele? – perguntei ao meu pai assim que Collin desapareceu no corredor do andar de cima.
- Nada demais! – ele passou por nós caminhando até seu escritório.
- Como nada demais? – questionei seguindo logo atrás dele – Vocês estão muito estranhos!
- Candi você está imaginando coisas! – disse se virando para mim – Se eu falei que não é nada demais então você tem que calar a porra da boca e acreditar!
- Por que o senhor está falando assim comigo? – quase gritei enfurecida.
- Por que eu quero! – disse ríspido abrindo a porta – Agora vê se dá licença e me deixa trabalhar!
- GROSSO! – gritei assim que ele bateu a porta na minha cara com força – Droga, eu só queria ajudar, por que todo mundo pode saber de tudo e eu tenho que ficar por fora!
- Amor não fica assim! – Justin me consolou envolvendo seu braço no meu ombro, encostei minha cabeça em seu peitoral tentando conter as malditas lágrimas que estavam prestes a cair – Ele está de cabeça quente.
- Ele não tem o direito de falar assim comigo Justin! – balbuciei entre dentes – Se ele está com a porra dos problemas dele ele não devia descontar em mim que só queria ajudar!
- Vai ver não é um problema qualquer! – murmurou afagando meus cabelos – Vai ver é algo realmente sério.
- Você acha? – levantei o olhar para fita-lo – Eu sempre achei que ele tinha tudo sob controle.
- Eu sei amor, mas ás vezes as coisas fogem do nosso controle da noite pro dia, quando menos esperamos.
- Credo! – exclamei – Todo mundo falando coisas estranhas, até parece que vamos ter um funeral amanhã.
- Não fala isso amor! – pediu assustado com as minhas palavras – As coisas podem realmente ficar ruins mas funeral é uma palavra muito forte.
- Por que as coisas podem ficar ruins? – questionei.
- Por que sim, por que talvez seja inevitável! – ele beijou minha testa e me abraçou mais forte – Mas não se preocupe por que eu sempre estarei aqui, até mesmo quando não quiser, até mesmo quando não merecer, eu vou te proteger, pra sempre Candi.